Neste domingo (12), celebramos o Dia das Mães, uma ocasião perfeita para refletir sobre os impactos que a maternidade causa na saúde física e mental. Afinal: como equilibrar tantas demandas diferentes simultaneamente e ainda ter tempo para cuidar de si mesma?
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Como você já deve imaginar, as mudanças começam já na gestação. Além de todas as alterações que já sabemos, estudos mostram que as consequências vão muito além: a gravidez pode mudar a química do cérebro e a autopercepção.
De acordo com Ricardo Bruno — mestre e doutor em Medicina, chefe do serviço de reprodução humana do Instituto de Ginecologia da UFRJ e diretor médico da Exeltis Brasil, empresa farmacêutica 100% focada na saúde da mulher — a maternidade tem implicações no senso de identidade e autoestima.
“A situação da culpa materna acaba vindo com a maternidade. Há a necessidade de ser uma mãe perfeita, a sociedade cobra essa mãe perfeita. Mas não existe a maternidade perfeita. Existe relacionamento mãe e filho, educação, criação, desenvolvimento”, observa o médico.
Na perspectiva do profissional da saúde, o importante nesse sentido é ter o entendimento de que a mãe está fazendo o que consegue fazer pelo filho, que pode nem sempre ser o mais ideal.
Também é importante ter o apoio psicológico da família, para que ela sinta que está indo no caminho certo.
Além disso, a mãe precisa contar como uma rede de apoio, que deve vir tanto da família quanto do trabalho. “O apoio emocional é fundamental para que essa mulher não sofra mais com a culpa de estar longe de seu filho”, explica o médico.
Saúde na maternidade
Uma das mudanças que a maternidade causa para a saúde é a bagunça nos hábitos alimentares e no sono, o que compromete o ritmo circadiano (relógio biológico), principalmente porque a criança não tem horário certo para dormir, tem um padrão de sono fracionado nos primeiros meses, acorda com fome e mama em um curto intervalo de tempo (inicialmente, a cada duas horas; depois, a cada três horas).
“É importante que a mãe tenha alguns momentos de descanso e é aí que entram as pessoas que estão nesse apoio”, observa o especialista.
O “conserto” do relógio biológico envolve fazer o possível para dormir nos momentos livres, mesmo sem horários definidos. “A melhora do sono vai trazer um relógio biológico mais adequado. No começo é um pouco difícil, mas, com o tempo, isso vai acontecendo”, comenta.
Puerpério
No puerpério, os hormônios ficam muito desregulados, principalmente o estrogênio, que passa por uma queda devido ao excesso de prolactina (o hormônio da produção do leite).
“Quando está muito elevado, inibe a produção do estrogênio, e a falta do estrogênio deixa a mulher com ressecamento vaginal e em uma pseudo menopausa”, revela Ricardo Bruno.
É uma fase que envolve muita transição na cabeça da mulher, e pode acarretar falta de desejo sexual, além da reestruturação do corpo, por toda a mudança dos órgãos, que agora estão voltando ao normal.
Segundo o médico, a produção de estrogênio só volta gradualmente quando a amamentação diminui.
Exaustão
As dicas do médico para as mães que estão exaustas envolvem priorizar uma boa alimentação que reponha as necessidades, além do exercício físico. A ciência já comprovou que a prática regular de exercícios melhora o sono. O ideal é poder contar, mais uma vez, com a rede de apoio para que a mãe disponha de tempo para cuidar de si mesma sem se sentir culpada.
Portanto, neste Dia das Mães, fica a reflexão: muito mais importante que um presente é oferecer apoio (de verdade) e compreensão.
Fonte: canaltech.com.br